terça-feira, 15 de março de 2016

Notas sobre Drenagem Linfática Manual – uma terapia muito além da estética



A drenagem linfática, modalidade de terapia manual, é muito utilizada como uma ferramenta para tratamentos estéticos. Porém, o que você vai descobrir agora, é como este método pode ser utilizado para tratar muitas disfunções que o nosso corpo apresenta. Vale a pena a leitura!
Inicio esta explicação contando uma breve história de como a drenagem linfática foi iniciada.
A técnica de drenagem linfática manual foi criada pelo biólogo dinamarquês Emil Vodder e sua esposa Estrid Vodder, baseado na longa experiência adquirida por ambos com técnicas de massagens em Cannes, Riviera Francesa. Eles observaram que muitas pessoas apresentavam quadros gripais crônicos nos quais se detectava um aumento dos linfonodos (estruturas responsáveis pela filtragem da linfa – líquido que transita pelo sistema linfático) na região cervical. Obtiveram a melhora desses quadros com determinados tipos de movimento de estimulação física (massagem) realizados na região envolvida. A partir dái muitos estudos foram feitos comprovando a eficácia da técnica, que alguns anos depois foi adaptada por Albert Leduc e Oliver Leduc. Por isso os métodos Vodder e Leduc de drenagem linfática são tão conhecidos.
A partir desta informação podemos estabelecer uma conexão com o que foi dito anteriormente: a drenagem linfática manual não auxilia apenas na estética, tanto que foi criada para tratar problemas respiratórios como a sinusite, por exemplo. Ela é usada para eliminar os inchaços e aliviar sintomas dolorosos ocasionados e também ajuda a remover toxinas presentes nos tecidos.
Infelizmente existem poucos estudos publicados dentro desta área de atuação da drenagem linfática. Resumo aqui um artigo que encontrou excelentes resultados com a aplicação da técnica em indivíduos com rinossinusite, que compreende na inflamação da mucosa nasal e dos seios paranasais (cavidades localizadas nos ossos no crânio e da face, que em condições normais estão cheias de ar).
Em 2013 Nogueira realizou um estudo com o objetivo de analisar os benefícios da drenagem linfática manual facial na rinossinusite. Dez indivíduos entre 18 e 40 anos de ambos os sexos participaram da pesquisa. Foram avaliados o nível de dor, avaliação dos sintomas (de caráter emocional e social) os quais pacientes com rinossinusite podem apresentar. Foram realizados 10 atendimentos, 3 vezes por semana durante 30 minutos cada, onde foram aplicadas técnicas de drenagem linfática facial. Foi possível observar melhora significativa do quadro doloroso e de sintomas como: secreção nasal contínua, secreção nasal abundante, dor ou pressão facial, acordar cansado/a e frustração/ inquietação/ irritação.
Os autores concluíram que a drenagem linfática manual facial foi eficaz em auxiliar o sistema linfático na filtração da linfa para o sistema circulatório, diminuindo, assim, edema e produção de secreção nasal, sendo assim capa de melhorar a sintomatologia específica e dolorosa dos pacientes portadores de rinossinusite.
Em minha prática clínica percebo o quanto meus clientes com rinossinusite que recebem drenagem linfática facial referem alívio imediato dos sintomas, benefício que permanece por dias. Queixas como dor de cabeça, pressão na face e nos olhos, irritação, assim como no estudo citado, reduzem de forma satisfatória para eles, deixando-os com a sensação de alívio, e como eles mesmos dizem “percepção de leveza, como se tivessem tirado um peso do próprio corpo”. Sempre cito estes exemplos aos meus alunos quando ministro meus cursos de drenagem linfática.
Eu como profissional também me sinto leve, aliviada em ter colaborado com a melhoria do bem-estar dos meus clientes, e mais do que isso, fazendo com que eles se movimentem melhor!!

Referências
NOGUEIRA, J.K.A. Benefícios da drenagem linfática manual facial em pacientes com rinossinusite. Revista Perquirere, v.10, n.1, 2013, p.1-16.
TORTORA, Gerard J. Corpo Humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 4ª ed. São Paulo: Artmed, 2001.
WINTER, W.R. Drenagem Linfática Manual. Rio de Janeiro: Editora Vida Estética, 1973
Imagens:
comoeurespiro.wordpress.com
saude-saude-saudesaude.blogspot.com

terça-feira, 26 de maio de 2015

Movimente-se melhor! Libere sua fáscia!

A fáscia é um tecido, uma espécie de capa, que envolve nossos músculos. Ela liga e percorre todo o corpo, como verdadeiras partes de um continnum e não apresenta nem início nem fim. Por ser viscosa a fáscia tem capacidade de deslizar sobre outros tecidos corporais, facilitando o movimento e a nutrição destes tecidos. 

Existe uma interconexão da fáscia com nossos tendões, aponeuroses, ligamentos, cápsulas, nervos periféricos e elementos localizados no interior do músculo. Este, por sua vez, está tanto estruturalmente como funcionalmente integrado à fáscia, e este conjunto é denominado tecido miofascial. Sua capacidade em sustentar e estabilizar nosso sistema musculoesquelético melhora o equilíbrio postural do corpo.

Além disso, por possuir terminações nervosas, a fáscia comunica-se com o nosso sistema nervoso, informando ao nosso cérebro a respeito da posição e movimento do nosso corpo. Podemos dizer então que a fáscia está vitalmente envolvida em todos os aspectos do nosso movimento.

Em casos de disfunção (inflamação, aderências ou tensão postural), ocorre aderência das fibras de colágeno fasciais, com resultante perda do deslizamento ou da liberdade de movimento muscular, ocasionando atividade muscular deficiente.


O ponto-gatilho é um nódulo palpável e sensível que pode se formar em um músculo quando este promove um encurtamento localizado nas fibras musculares, que encontram-se em estado de contratura, em vez de retornar seu comprimento de repouso normal. Esta anormalidade do sistema contrátil muscular pode se formar quando este músculo fica sujeito a algum traumatismo direto, esforço agudo, tensão contínua, excesso de trabalho, disfunção articular...

O ponto-gatilho provoca tensão e aderência na fáscia, gerando disfunção miofascial e dor referida. Isto pode ser explicado porque as áreas mais espessas da fáscia transmitem tensão em muitas direções, e sua influência é sentida em pontos distantes, assim como o nó de uma malha pode distorcer a malha inteira. 


A liberação miofascial consiste em manobras de terapia manual que visam a eliminação do ponto-gatilho e da tensão provocada por ele no tecido fascial. Desta forma a fáscia, agora mais estável e maleável, poderá nutrir novamente os tecidos de forma adequada e permitir seu deslizamento. A mobilidade do tecido muscular passa a ter mais liberdade e a ser mais completa, não havendo restrições nem limitações de movimento pelo corpo.

Referências:

Hertling, Darlene; Kessler, Rahdolph M. Tratamento de distúrbios esqueléticos comuns: princípios e métodos da fisioterapia. São Paulo, Manole, 2009.

Meyers, Thomas W. Trilhos Anatômicos Miofasciais: meridianos miofasciais para terapeutas manuais e do movimento. São Paulo, Summs, 2003.

Niel-Asher, Simeon. Pontos-gatilho: uma abordagem concisa. São Paulo, Manole, 2008.

Rolf, Ida. P. Rolfing: A integração das estruturas humanas. São Paulo, Martins Fontes, 1990

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Constipação intestinal: vamos desfazer este nó?



Olá, aqui vai mais um texto falando sobre movimento.
Em nossa conversa anterior eu havia perguntado “Como vai seu movimento?” Agora minha pergunta será um pouco mais específica. Vou pedir para você olhar para o seu próprio umbigo... Isto mesmo, olhe para ele e pergunte-se “Como está o movimento do meu intestino?”
Por diversas razões, o nosso intestino não funciona exatamente como deveria, caracterizando a diminuição e dificuldade dos movimentos in­testinais. Este distúrbio chamamos de Constipação Intestinal.
 As consequências da constipação intestinal são diversas, como declínio na produtividade do dia-dia, distensão abdominal, desconforto, dor, priora na qualidade de vida... Destaca-se na literatura que as mulheres são mais afetadas do que os homens, principalmente estando na idade fértil.
Comece a reparar se você apresenta os seguintes sintomas:
  •          Frequência de evacuação menor que 3 vezes por semana;
  •          Esforço para evacuar;
  •          Sensação de evacuação incompleta;
  •            Fezes endurecidas;
  •            Necessidade de manobras manuais para tentar facilitar a evacuação.

Caso você se enquadra em pelo menos 2 destes sintomas, por pelo menos 3 meses (não necessariamente consecutivos), quer dizer que você pode ter constipação intestinal. Eles são recorrentes com o passar do tempo e podem ser confundidos com outros distúrbios. Existem muitos fatores que provocam a constipação, como:
·      Danos causados à musculatura pélvica (decorrentes de pertos, prolapsos...)
·      Na fase do climatério, em decorrência da diminuição dos níveis do hormônio estrogênio, associado a mudanças anatômicas e fisiológicas, que comprometem o assoalho pélvico e esfíncteres.
·      Estresse, ansiedade e depressão
·      Sedentarismo
·      Maus hábitos alimentares (baixa ingestão de fibras e água, por exemplo)



A fisioterapia atua no tratamento para constipação intestinal, através de manobras de massagem visceral na região intestinal e exercícios adequados para reeducar e fortalecer a musculatura pélvica. 


A ginástica hipopressiva é um bom exemplo de tratamento que pode ser incluso. Através de exercícios respiratórios e posturais é possível reduzir a pressão intra-abdominal e posterior relaxamento das vísceras abdominais, além de trabalhar a musculatura pélvica. Os resultados são muito satisfatórios, com baixos índices de efeitos colaterais, além do custo reduzido.
Faça o tratamento adequado com a orientação adequada, e não esqueça de olhar para o seu próprio umbigo!














quarta-feira, 1 de abril de 2015

Como vai seu movimento?

Olá, como vai você? Esta é a pergunta que nós fisioterapeutas sempre fazemos aos nossos pacientes. Mas e se a pergunta fosse outra: "Olá, como vai seu movimento?" O que você me responderia? "Vai bem, obrigado", ou "Tudo bem, continua na mesma", ou então: "Sinto dores ao agachar-me, minha coluna trava, meu braço não levanta mais que 90º, não consigo correr, meu pescoço está travado à uma semana, não consigo olhar para o lado..." Ufa!!! 
Seu corpo está pedindo ajuda, seus movimentos estão restritos, mas você só percebe estas alterações quando alguém lhe faz este questionamento. Talvez você esteja precisando olhar melhor para si, e talvez esteja na hora de você procurar uma ajuda.


Faça para si mesmo esta pergunta e deixe aqui seu comentário sobre como está seu movimento e tire suas dúvidas.